O que a compra da Skechers diz sobre o atual foco dos bilionários da 3G

A compra da fabricante de calçados Skechers, anunciada essa semana, ajuda a entender a atual estratégia de investimento da 3G Capital, gestora criada pelos bilionários brasileiros Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann. O trio ficou conhecido por um estilo marcado por cortes de custos e recuperação de empresas. Agora o alvo são negócios saudáveis e em crescimento.

Entenda

Prioridade é a expansão do negócio e não o corte de custos. A Skechers está presente em 150 países e faturou cerca de US$ 9 bilhões em 2024. A 3G tem o objetivo de ajudar a empresa a crescer ainda mais, e cortes de custos não estão no radar por ora, conforme informações de uma fonte próxima à gestora.

Com o capital fechado, a expectativa é que a companhia consiga ter mais foco no negócio. A ideia é não precisar se preocupar com os resultados a cada 90 dias e ter um olhar para o longo prazo. A Skechers tem ações negociadas em Bolsa e, ao final da transação, se tornará uma empresa de capital fechado.

O negócio reforça a atual preferência da 3G por empresas familiares sólidas - e em crescimento. "A Skechers cresceu mais de 10% ao ano nos últimos 10 anos. Não há outras empresas de calçados no mundo que cresçam tão rápido", diz a fonte. A empresa é hoje a terceira no setor de calçados, atrás apenas de Nike e Adidas.

A aquisição anterior foi da fabricante de persianas holandesa Hunter Douglas, comprada em 2021, por US$ 7 bilhões. Assim como na Hunter Douglas, a família fundadora da Skechers continua no negócio. As duas aquisições com um perfil semelhante são tratadas pela gestora como uma evolução de sua estratégia na busca por negócios de alta qualidade, e não necessariamente uma mudança de rota.

Investimentos altos e de longo prazo. A firma de investimentos, que ficou famosa por implementar o orçamento base zero (no qual cada despesa deve ser justificada todos os anos), agora tem reforçado sua abordagem de longuíssimo prazo e a estratégia de investir alto em algumas poucas empresas escolhidas a dedo - em especial companhias familiares de projeção global.

Um dos principais cases de sucesso da 3G é o Burger King. A rede de restaurantes foi adquirida em 2010 por cerca de US$ 1 bilhão. Cerca de 15 anos depois, a empresa se transformou na RBI (Restaurant Brands International), uma das maiores companhias de restaurantes do mundo. A fatia da 3G vale cerca de US$ 30 bilhões. A gestora também teve participação na Kraft Heinz, mas saiu do negócio de forma discreta. Os fundadores são ainda acionistas da AB Inbev, dona da cervejaria Ambev, e das Lojas Americanas, que vive uma crise provocada pela omissão de dívidas em seu balanço.

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