Gripe aviária: Juíza dá 48 horas para governo do RS explicar mortes em zoo
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A juíza Patrícia Antunes Laydner deu 48 horas para o governo do Rio Grande do Sul prestar informações sobre a morte de pelo menos 90 cisnes e patos no Zoológico de Sapucaia do Sul (RS). Na semana passada, foi confirmado que os óbitos foram motivados pela gripe aviária.
O que aconteceu
Governo foi intimado a prestar informações dentro de prazo de 48 horas. A decisão é de ontem e foi assinada por Laydner, que é da Vara Regional do Meio Ambiente. O despacho consta em uma ação civil pública que solicitava a suspensão do leilão de aves do parque, a pedido da ONG Princípio Animal.
Juíza exigiu que uma série de documentos seja apresentado. Entre eles, está a relação nominal - com identificação por espécie - dos animais mortos no zoológico desde o leilão, ocorrido em 16 de janeiro deste ano. Também foi cobrada apresentação de laudos técnicos/laboratoriais oficiais que comprovem que as mortes decorreram de infecção por gripe aviária, além de fotos e registros visuais das carcaças dos animais mortos.
Número de animais mortos aumentou. Na decisão consta a morte de 90 aves do zoológico, com base em dados do último dia 17. Porém, ontem, a Sema (Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura) informou que já passa de cem o número de animais mortos no local pela gripe aviária, conforme comunicado.
Ministério da Agricultura também precisa explicar se sabia das mortes. Na decisão, Laydner pediu que o Mapa, a Secretaria Estadual de Agricultura e Secretaria Estadual de Saúde expliquem em até 48 horas se tinham conhecimento da mortandade dos 90 animais por conta de infecção por gripe aviária. Além disso, pede que os órgãos informem se foram realizadas inspeções no local.
Juíza proibiu qualquer movimentação até que as informações sejam fornecidas. "Fica terminantemente vedada qualquer movimentação, destinação ou descarte dos animais sobreviventes, inclusive sob alegações sanitárias, até que sobrevenha aos autos documentação completa, sob pena de responsabilização", diz trecho da decisão.
Governo gaúcho diz que vai encaminhar documentos no prazo. "O governo do Estado está adotando todas as medidas previstas nos protocolos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que atua de forma conjunta com os técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação e da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura no controle da gripe aviária. Por meio da Procuradoria-Geral do Estado, o governo irá apresentar, dentro do prazo previsto, todos os documentos solicitados sobre os casos identificados no Parque Zoológico", diz nota da Sema.
Zoológico está fechado desde o dia 14 de maio por tempo indeterminado. O acesso é restrito às equipes técnicas autorizadas. "O número de servidores com circulação no parque foi reduzido pela metade, garantindo a manutenção dos cuidados e alimentação dos animais", disse a Sema em nota.
Exame descarta gripe aviária em trabalhador de granja
Amostra foi coletada no Rio Grande do Sul e levada até o Rio de Janeiro, onde fica a sede da Fiocruz. O laboratório é referência nacional para vírus respiratórios.
Exame utilizou o método de PCR, que analisa o material genético presente na amostra coletada, segundo o governo do estado. "Também foram feitas análises para outros vírus respiratórios, como o da gripe (influenza) e da covid-19, todos com resultados não detectáveis", disse a SES (Secretaria Estadual da Saúde).
Trabalhador teve contato com aves doentes. Ele foi colocado em isolamento domiciliar por conta dos sintomas gripais.

Secretaria de Saúde está fazendo levantamento das pessoas que tiveram contato com os animais e que apresentaram sintomas gripais. "O objetivo é identificar sinais e sintomas compatíveis com a definição de caso suspeito, conforme os protocolos estabelecidos para a vigilância da doença", disse o governo em nota. Além da granja, trabalhadores e funcionários do zoológico de Sapucaia do Sul estão sendo monitorados.
Na granja havia 17 mil aves divididas em dois galpões. 15.650 galinhas foram encontradas mortas. Outras 1358 aves foram sacrificadas. Uma área em um raio de 10 km foi isolada ao redor da granja.
Risco de infecção por influenza aviária em humanos é considerado baixo, diz governo gaúcho. O Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) reforça que a transmissão ocorre predominantemente em pessoas com contato próximo e frequente com aves ou mamíferos infectados, vivos ou mortos. A doença não é transmitida pelo consumo de alimentos bem cozidos ou preparados adequadamente.
Para a definição de caso humano suspeito, a partir da confirmação de infecção em animais, pessoas que tenham tido contato próximo com esses animais passam a ser monitoradas por um período de dez dias, desde que estejam assintomáticas. Para que um caso seja oficialmente considerado suspeito, é necessário que haja, simultaneamente, evidências clínicas e epidemiológicas. Isso inclui contato com animais infectados ou com seus restos mortais.
Trecho de nota do governo do Rio Grande do Sul
Governo conclui vistoria em propriedades do entorno de granja
540 propriedades rurais foram vistoriadas em raio de 10 km de granja foco da doença. Além disso, os servidores do DDA/Seapi (Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação) também revisitaram 19 propriedades dentro do raio de três quilômetros que tem a presença de aves, como determina o Plano Nacional de Contingência de Influenza Aviária.
Sete barreiras sanitárias estão funcionando 24 horas. São duas barreiras na BR-386, uma no pedágio e outra na balança, uma ao norte na RS-124, outra na TF-10 no sentido Triunfo, e outras três em estradas vicinais, sendo uma de bloqueio. Mais de 1,2 mil veículos já foram desinfectados.
Ave de subsistência foi coletada para exame. O animal estava em Montenegro e foi encaminhada ao Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário, em Campinas (SP). O Estado aguarda o resultado do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Conseguimos superar nossa expectativa e cumprimos a primeira vigilância ativa em quatro dias. E a partir deste sábado, que fecham sete dias da primeira visita, começaremos a revisitar todas as propriedades no raio de dez quilômetros novamente. Rosane Collares, diretora do DDA
60 países já restringiram compra de frango do Brasil
Ministério da Agricultura atualiza lista de países que suspenderam a compra de frango do Brasil após o caso de gripe aviária. A relação é composta pelos 27 países da União Europeia, os três integrantes da União Eurasiática e outras 30 nações. A relação atualizada pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) traz Arábia Saudita, Bielorrússia, Bósnia e Herzegovina, Japão, Jordânia, Filipinas, Iraque, Macedônia, Montenegro, Tajiquistão, Timor-Leste e a Ucrânia como novidade, na comparação com relatório da manhã de ontem.
Embargos a todo território nacional:
- África do Sul
- Argentina
- Bolívia
- Canadá
- Chile
- China
- Coreia do Sul
- Filipinas
- Jordânia
- Iraque
- Malásia
- Marrocos
- México
- Paquistão
- Peru
- República Dominicana
- Sri Lanka
- Timor-Leste
- União Europeia (Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha e Suécia)
- União Eurasiática (Bielorrússia, Cazaquistão e Rússia)
- Uruguai
Restrições limitadas ao Rio Grande do Sul:
- Bahrein
- Bósnia e Herzegovina
- Cazaquistão
- Cuba
- Macedônia
- Montenegro
- Reino Unido
- Tajiquistão
- Ucrânia
Embargos somente à cidade de Montenegro (RS):
- Arábia Saudita.
- Japão
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