Graciliano Rocha

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Reportagem

Trump dobrou tarifa do aço nos EUA; para uma empresa brasileira, foi ótimo

A decisão do presidente Donald Trump de dobrar para 50% a tarifa sobre o aço importado pelos Estados Unidos foi recebida como uma boa notícia para a Gerdau, fabricante de aço sediada em Porto Alegre, segundo analistas do BTG Pactual. Com 60% do seu Ebitda (uma métrica de fluxo de caixa) atrelado às operações na América do Norte, a siderúrgica brasileira tende a ser uma das principais beneficiárias da medida.

Sediada em Porto Alegre, a Gerdau iniciou sua operação na América do Norte em 1989, com a produção de aços longos no Canadá. Hoje, a companhia mantém 11 unidades industriais nos Estados Unidos e Canadá, voltadas à produção de aços longos e especiais.

O anúncio da alta da tarifa foi feito na última sexta, durante um comício em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, e as novas alíquotas entram em vigor já no dia 4 de junho. Para o BTG, mesmo um aumento conservador de 5% nos preços do aço nos EUA já geraria um impacto direto de 12% no Ebitda da Gerdau, além de elevar o fluxo de caixa projetado para 2026 de 10% para 13%.

No relatório, os analistas Leonardo Correa, Marcelo Arazi e Bruno Henriques afirmam que a nova rodada de tarifas pode replicar o movimento de 2018, quando a aplicação da chamada Seção 232 — base jurídica da medida — provocou alta de até 16% nos preços do aço em seis meses. Na época, a margem da Gerdau nos EUA passou de 6% para 13% em apenas um ano.

Embora a Gerdau atue principalmente no mercado de aços longos, menos exposto à concorrência externa direta, o efeito positivo virá da valorização generalizada do produto no mercado doméstico americano. Hoje, o vergalhão nos EUA é vendido a US$ 838 por tonelada, contra US$ 445 na China — um prêmio de 88% que deve aumentar com o novo patamar tarifário.

Os analistas do BTG Pactual também sustentam que o mercado ainda não precificou corretamente a exposição da Gerdau ao mercado americano. "A América do Norte representa uma parte significativa da geração de Ebitda, mas a empresa continua sendo negociada como se fosse uma operação puramente brasileira", diz o relatório.

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