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Com taxas de 50% sobre importação de aço nos EUA, que ações sofrem mais?

As novas tarifas de 50% sobre as exportações de aço brasileiras para os Estados Unidos afetam siderurgias e até empresas que não exportam para os EUA.

Quais empresas perdem mais?

O setor mais prejudicado é o de siderurgia. Empresas como ArcelorMittal (ARMT34) e Ternium (TXSA34), sendo as mais impactadas pois são as maiores exportadoras para os EUA.

O Impacto no Ibovespa também não é grande. "Mais de 80% das exportações de aço são realizadas por empresas que não estão listadas na B3. Então o impacto sobre o setor na Bolsa é pequeno", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. Para Usiminas (USIM5) e Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3), que estão no Ibovespa, os Estados Unidos não são um grande mercado, já que são siderúrgicas mais focadas na China ou no comércio doméstico.

A Vale é menos exposta diretamente, porque exporta mais ferro. "Mas ela pode ser afetada indiretamente pela redução na demanda por minério de ferro, caso a produção de aço diminua", diz Patzlaff.

A Gerdau, porém, é um caso à parte. Do total de sua receita, 42% são vendas para os Estados Unidos. No entanto, a companhia produz aço em território americano e pode aumentar a capacidade dessas plantas para driblar as tarifas. "Ela pode produzir lá, aumentando a capacidade dessas unidades e assim melhorar sua margem", afirma Max Bohm, estrategista de ações da Nomos.

Empresas de logística e transporte podem sofrer com a diminuição no volume de exportações. Dentre elas estão, por exemplo, MRS Logística (MRSA3B) e Rumo (RAIL3).

No setor automotivo, fabricantes de autopeças e montadoras que exportam para os EUA podem enfrentar aumento de custos e redução de competitividade. Na Bolsa, algumas das principais empresas são Mahle Metal Leve (LEVE3), Iochpe-Maxion (MYPK3) e Fras-le (FRAS3).

Breque nos investimentos

Tarifas afetam mesmo aquelas que não exportam para os EUA. Empresas brasileiras, tanto as que exportam aço quanto as que dependem dele como matéria-prima, devem pausar os investimentos.

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As que precisam de aço, como montadoras, fabricantes de máquinas e companhias de infraestrutura, passam a ter muita incerteza: essa tarifas vão durar ou vão ser revogadas? Os preços podem cair por excesso de oferta ou subir por desequilíbrio de mercado? Com tantas dúvidas, elas colocam um pé no breque dos investimentos.

Alguém pode sair ganhando?

Com a redução das exportações de aço, pode haver maior oferta desses insumos no mercado interno. "Isso reduziria custos para indústrias domésticas que utilizam esses materiais, como construção civil e fabricantes de bens de consumo duráveis", diz Patzlaff. "A possível queda nos preços do aço e alumínio no mercado interno pode beneficiar construtoras e incorporadoras, reduzindo custos de materiais", afirma.

Qual o tamanho das exportações de aço para os EUA

As exportações brasileiras do produto, que desde 2022 eram livres de tarifas, passaram a ser cobradas em 25% desde o dia 12 de março. Mas a partir de hoje serão de 50%, conforme decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

As exportações de aço do Brasil para os EUA somaram US$ 4,14 bilhões em 2024. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Com maiores tarifas, os volumes embarcados devem diminuir num primeiro momento.

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O embarque de alumínio para os EUA é menos significativo. Foram US$ 267 milhões no ano passado aos EUA, e US$ 1,59 bilhão para todos os países que compram o produto brasileiro.

Efeito no dólar

Pode haver alta do dólar, mas limitada. Com menos vendas para os EUA, "em um curto prazo sim, teremos menos entrada de dólar no país e isso pode gerar um impacto no câmbio", diz Gustavo Mendonça, sócio e especialista da Valor Investimentos. Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, também prevê isso. "A medida pode gerar instabilidade cambial, com pressão de alta sobre o dólar, e afetar negativamente o crescimento econômico", diz ele. Porém, impacto pode ser limitado. "Estamos falando de um único setor", diz Mendonça. Do total de US$ 337 bilhões exportados pelo Brasil para todo o mundo no ano passado, o aço vendido para os EUA tem peso de 1,22%.

Já houve queda nas vendas com a primeira etapa de tarifas. Desde março, quando entrou em vigor a barreira de 25%, houve uma desaceleração do embarque geral de produtos semiacabados Conforme o ministério, as exportações gerais de lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço caíram 30,7% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. Consultado sobre o impacto da medida apenas no aço, o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, não se pronunciou. Em nota, a entidade divulgou que "a medida agrava o já delicado cenário global do setor, caracterizado pelo excesso de capacidade na ordem de 620 milhões de toneladas."

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