O que faz a Microsoft perder menos que as outras "big techs"?

Dentre todas as "big techs" que sofrem quedas com as decisões do presidente dos Estados Unidos, as ações da Microsoft são as que têm o menor impacto.

Os papéis da companhia de Bill Gates continuaram mostrando certa resistência à onda de baixas pela qual passam Apple, Tesla, Google, Meta, Amazon e Nvidia.

O que está acontecendo?

As sete big techs, como são chamadas, acumulam perdas neste ano:

  1. Tesla (TSLA) -37,26%
  2. Nvidia (NVDA) -28,49%
  3. Amazon (AMZN) -21,36%
  4. Alphabet (GOOGL) -19,95%
  5. Apple (AAPL) -18%
  6. Meta (META) -16,44%
  7. Microsoft (MSFT) -12,19%

Fonte: Economatica (de 2 de janeiro a 23 de abril)

A Microsoft tem diferenças que explicam essa queda menos drástica. O maior segredo é o ramo em que a companhia chefiada por Satya Nadella atua: computação em nuvem e uma ampla base de clientes corporativos. "Esse é um setor que tem sido mais protegido dos piores impactos das tarifas de importação de Trump", diz William Castro Alves, economista e sócio da corretora digital Avenue.

A maior parte da receita da Microsoft não vem de produtos físicos ou de consumo, e esse é um grande trunfo. "As tarifas impostas pelo governo Trump afetam principalmente bens tangíveis e setores industriais, impactando diretamente cadeias de suprimento e custos de produção, especialmente em empresas com forte exposição à China, como Apple e Amazon, cujos modelos de negócios são altamente dependentes da venda de produtos", diz Willian Andrade, diretor da gestora Kaya Asset Management.

A maioria dos clientes da Microsoft é formada por empresas que usam, por exemplo, o pacote Office. Isso significa que grande parte de seu fluxo de caixa está vinculada a contratos de longo prazo, dando à Microsoft uma estabilidade adicional que as outras techs não têm na mesma proporção.

No ano passado, por exemplo, a Azure, foi o maior contribuinte da receita da empresa, gerando cerca de 43% do total. A Azure é uma plataforma de computação em nuvem, um serviço de computação que permite ao cliente executar e gerenciar aplicações e serviços por meio de uma rede de data centers espalhados pelo mundo.

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Os produtos físicos da Microsoft — o console de jogos Xbox e vários modelos de laptop — têm menor representação na receita. Do total de US$ 69,6 bilhões que a empresa gerou em negócios entre outubro, novembro e dezembro do ano passado, a parte de games e laptops entregou US$ 14,65 bilhões. Assinaturas do Microsoft 365 e LinkedIn geraram US$ 29,44 bilhões e a divisão da Azure, US$ 25,54 bilhões.

A parte financeira robusta e o tempo de mercado também ajudaram. Neste mês de abril, a companhia completou 50 anos. A Apple também tem quase isso: 49 anos. Mas a companhia tem sido mais atingida pela guerra de tarifas, já que produz a linha iPhone na China, que terá de pagar mais de 200% em tarifas para exportar para os Estados Unidos.

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