J&F vai pagar US$ 2,7 bi para encerrar maior litígio societário no país
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Os grupos Paper Excellence e J&F chegaram a um acordo que encerra um dos maiores e mais estridentes litígios empresariais do país — a disputa bilionária pelo controle da fábrica de papel e celulose Eldorado. A coluna apurou que a J&F está pagando US$ 2,7 bilhões pela fatia de 49,41% da Paper Excellence. Em dólar, o valor é praticamente o dobro do que a Paper pagou pela participação há oito anos. Em real pela cotação da época, a participação quadruplicou de valor, saindo de R$ 3,8 bilhões para R$ 15,2 bilhões.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, estão pagando um múltiplo equivalente a 10 vezes a margem Ebitda (lucro antes do pagamento de impostos e juros) da Eldorado, bem acima da média de avaliação das companhias concorrentes, que estão avaliadas em 4,7 a 6,2 vezes o Ebitda.
O desfecho acontece após gastos milionários com escritórios de advocacia em uma briga que se espalhou por tribunais do Sul ao Centro Oeste do país, e também em cortes arbitrais de Miami e Paris.
A notícia do acordo foi divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, do Globo, e confirmada pela coluna.
O negócio, contudo, ainda não foi efetivado. A expectativa é de que os Batista depositem o valor entre hoje e amanhã.
O presidente da Paper Excellence no Brasil, Claudio Cotrim, seguirá na multinacional — que vê o país como estratégico e não descarta realizar novas aquisições no Brasil ou no exterior.
A disputa societária teve início em 2018, quando os Batista, que detêm 51% do negócio, começaram a contestar os valores acordados com a Paper Excellence para a aquisição da participação majoritária. A Paper venceu a disputa em uma câmara de arbitragem e depositou, na época, R$ 11,2 bilhões em juízo, mas a J&F passou a contestar o resultado nos tribunais.
Um ano antes, a Paper havia entrado no capital da Eldorado adquirindo 13% das ações em uma emissão feita pela companhia e o restante por meio de uma participação de fundos de pensão Funcef e Petros, reunidas em um fundo, o FIP Florestal, por R$ 3,8 bilhões.
No ano passado, os Batista fizeram uma proposta para o indonésio Jackson Widjaja, CEO do grupo Paper Excellence, demandando um valor adicional de R$ 6 bilhões para transferir o controle e encerrar a disputa. Não houve acordo e a animosidade entre as partes só aumentou.
Na batalha para não vender o controle, os Batista atuaram nos bastidores para questionar a própria lei da arbitragem para resolução de conflitos. E incentivaram ações civis para barrar a transferência do controle sob alegação de infração às regras de controle de terras por estrangeiros.
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